segunda-feira, 18 de junho de 2012

Kassandra I

Kassandra, não soube nunca respeitar
Esteve na cova junto com os leões
Cair, faz parte
Mas o melhor é levantar!

Esse excesso que vejo, que não passa de fuga
Me parece inútil
Detesto ter que fingir
Por isso Carlos, escolhi errar
Decepcionar a mim mesma,
Acredito que ao menos pra isso eu seja livre

Sonho com a existência plena Carlos...
Meus afetos não carregam culpa
O que os determina é o kaos
Aparências, sei que todos a temos
Cada um do seu jeito
Mas não sei, nunca gostei de teatro
E você?

Entendo, que a vida tenha essa dose de ficção
Quem, como, e porque
Durmo com qualquer um, uma, uns...
Culpa, tá ai uma palavra que não conheço
Outro dia na fila do supermercado uma velha me contou que tinha
perdido seus dois filhos, primeiro um, depois outro

E a Senhora esta bem? Ficou sem família?
Não... Eu nunca tive, ao menos não os via como uma

E você Kassandra?
Deseja algo nessa vida?

Ainda no ginásio, minhas amigas se preocupavam
com quem sairiam, a maioria delas sonhava com um
marido rico, o qual cuidaria delas... no final de suas vidas

Acho que eu cuidarei de mim mesma





cheiro de chuva

uma chuva lá fora
mas que conforta aqui dentro
um dia cheio
uma saudade
esqueleto dolorido
cabeça cheia


uma chuva lá fora
mas que conforta aqui dentro
as pessoas na sala
o ritmo da chuva
me faz querer estar perto
mesmo estando longe

nublado céu
não há estrelas
hoje a noite esta sem brilho
roxo que nem um machucado
céu nublado
gargantas arranhadas por unhas de gato
uma noite só
o cheiro volta, e não é o seu
a maçaneta se meche, mas é só o vento
smiths no fundo
saudade, esqueleto dolorido

uma chuva lá fora
mas que conforta aqui dentro


sábado, 2 de junho de 2012

uma sombra no teto colorido
persegue minha alma
espero ficar lúcido pela manhã
quando tudo estiver certo
quando eu conseguir encontrar a mim mesmo
atirado num asfalto de sonhos
perseguido nesse deserto lindo
um mar profundo, traiçoeiro
pronto pra me afogar

quero dançar sozinho esse ritmo
macabro é aquilo que meus olhos enxergam
um cemitério onde os ossos ficam a céu aberto
carne comida por pombos
caixões velhos

meus sonhos de criança
podia voar
o céu tinha uma mistura de vermelho e azul
a janela aberta
meu pesadelo
a visita sinistra da mão formigante
de repente eu voava
e caia sem morrer
desejava todo dia assim sonhar

uma curandeira me deu a sina de ser assim
uma ponte dos mundos