sexta-feira, 25 de maio de 2012

Arquiteta da Destruição

Esse corpo que remete a algo
Mas o que ditam sobre ele
Não, não corresponde ao que ele é
ao que eu quero que seja
matéria concreta
sangue e porpurina
veia saltada
pupila dilatada

Corpo jovem
Demasiado velho, indefinível
Sufocante, latejante

Navalhas na carne
Testosterona
ona ona ona ona
Robótica drogada
Indecente puta, a serviço dos que pagam mais
Natureza, quem é você?

Quebrei o altar dos seus Deuses
Mandei o açougueiro a merda
Fiz eu mesma
Coloquei-me
Conformei-me, precária e insalubre
mas o fiz
Imperfeita assim estou
Sabotei tua universalidade perfumada
Sou o teu discurso, vivo e sangrando
Mas completamente distante do seu
confortável mundo, da tua clareza
acadêmica, limpa e branca

Ao contrário da dor, do corpo, sem alma
a mente é lucida
Na rua, o silicone me faz real
Ainda tenho pau

Amputamos juntas
Tornamo-nos
feia criatura
bela amargura
Cimento pra construção
Reboque e alucinação
O precipício me faz existir
ampolas da amapô alucinada
rasgada, mas forte



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